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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A Fé no Futebol

É certo e sabido que o futebol é, muitas vezes, comparado à religião, pois as pessoas tendem a assumir as referências futebolísticas (sejam clubes, treinadores ou jogadores) como algo divino, algo transcendental. Talvez isso aconteça porque, porventura, falte formação de valores éticos e morais sólidos tanto no indivíduo como na sociedade.
Isto vem a propósito do que aconteceu à chegada da equipa do F.C.Porto ao aeroporto Sá Carneiro, onde esperavam alguns adeptos portistas furiosos com a derrota do seu clube. Daí ao insulto pessoal e colectivo, foi um pequeno passo.
No fundo, o que penso que aconteceu, tal como acontece noutras equipas de futebol, foi o descarregar da frustração, pois as ilusões que se criam, quando se endeusa algo, são muito fortes. Há uns tempos atrás, um amigo disse-me algo como isto: "Só se desilude quem se ilude". Acredito piamente nesta frase. 
A verdade é que no futebol criam-se laços identitários bastante sólidos entre os adeptos e o seu clube, reforçando-se a fé neste. 
Ora, o que aconteceu com  os adeptos do F.C.Porto foi que sentiram-se traídos pelas acções (ou inacções) dos atletas e equipa técnica no jogo em Chipre. A equipa não jogou à "Porto". Ou seja, a equipa jogou sem identidade própria. 
Tudo isto leva a que os adeptos de futebol, tal como na religião, possam questionar a sua própria fé ou, pior ainda, questionar a existência do seu próprio Deus... 
Por isso mesmo, julgo que as declarações do treinador Vítor Pereira, quando disse que a equipa jogou à "Porto" e que procurou ganhar, soam a declarações falsas, pois foi visível que não foi isso que ocorreu...
Todos os adeptos do F.C.Porto perceberam que a sua equipa não jogou com alma, com garra, com querer e com crer...
E não há pior situação do que querer transformar uma mentira numa verdade. 
Nem a religião nem os religiosos adeptos de futebol perdoam tal tentativa...
Isso é traição às suas próprias crenças, à sua própria fé...
No F.C.Porto, os problemas existem e há que assumir a tentativa de os solucionar.
O que não pode acontecer é o assumir da existência de problemas e a sua consequente subsistência... 

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